Uma noite para celebrar a vida, assim foi o baile de debutantes organizado pela Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças com Câncer e Hemopatias (Abrace), ontem, no Unique Palace. Em sua 12ª edição, a festa anual promovida pela ONG marca os 15 anos dos adolescentes assistidos, proporcionando um momento especial de alegria e acolhimento. "O objetivo desse evento é comemorar a vida desses jovens que enfrentam tratamentos tão desafiadores, funcionando como uma extensão do próprio processo de cura", explica Alexandre Alarcão, presidente da Abrace. A instituição conta com o apoio de parceiros que doam todos os recursos necessários para a realização do evento.
"Essa festa é a realização de um sonho, especialmente agora que estou curada após enfrentar um tratamento tão difícil", compartilha Larissa Pires após dançar a valsa com os pais. Diagnosticada com leucemia mieloide aguda neste ano, Larissa passou por seis meses de tratamento intensivo. "Estive na UTI duas vezes: uma semana na primeira vez e duas na segunda. Na segunda internação, quase não resisti, mas, por um milagre, estou aqui, curada e vivendo este momento especial", conta a debutante.
Ana Clara Oliveira também não conteve as lágrimas ao falar sobre a festa. "Estou muito feliz. Esse é um momento que nunca vou esquecer. Depois de tantos momentos difíceis, estar aqui vivendo tudo isso é um verdadeiro luxo. Não poderia estar mais grata", emociona-se Ana. Diagnosticada com aplasia de medula óssea, ela passou quatro meses no hospital e recebeu um transplante. "Só tenho a agradecer a todas as pessoas que estiveram comigo durante essa fase; realmente foi essencial ter esse apoio", declara.
Canoagem
Brasília foi sede da segunda edição do Festival Dragon Boat, um evento de celebração, superação e união para mulheres que venceram o câncer de mama. O Clube da Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascaderecebeu o projeto que iniciou em 24 de outubro e encerrou ontem. O local recebeu as Remadoras Rosa, atletas de diferentes idades e países que se reuniram no Lago Paranoá para a prática da canoagem e para reafirmar a vida após a doença. Além das provas de remada, a iniciativa incluiu palestras, práticas de bem-estar e passeios, voltados para as participantes.
O evento foi organizado pela associação Canomama e trouxe à capital 15 equipes do Brasil e de alguns países da América, como o Chile, Argentina, Colômbia e Canadá, somando 350 remadoras. Segundo Larissa Lima, organizadora do festival e presidente da Canomama, a iniciativa transmite uma mensagem de esperança e superação no mês do Outubro Rosa. "Somos sobreviventes do câncer de mama, mulheres que lutaram para estar aqui e que querem lembrar a todas que, embora seja um diagnóstico difícil, podemos vencer", afirmou.
Larissa Lima compartilhou a importância de acolher o diagnóstico com positividade e buscar apoio em outras mulheres. Foi com esse espírito que, durante o tratamento do câncer, há oito anos, ela idealizou a Canomama, depois de ser incentivada por Adriana Bartoli, remadora e ativista canadense. "Era como se fosse uma missão. Se eu saísse viva do tratamento, me comprometi a criar essa equipe de mulheres sobreviventes. Juntei médicos, fisioterapeutas e profissionais do esporte, e assim nasceu a associação", explicou.
Competição diferente
Com um formato participativo, o festival Dragon Boat não é uma competição tradicional. No entanto, Larissa Lima conta que a emoção de remar contagia todas com o desejo de chegar em primeiro lugar. Em clima de celebração da vida, as remadoras mais rápidas competem entre si, assim como as de desempenho mais lento, promovendo uma experiência inclusiva e justa para todas. "Aqui, todas são vencedoras e sobem ao pódio. A medalha é apenas um símbolo de superação para cada uma de nós", ressaltou.
Presença internacional
Entre as participantes da celebração, destaca-se a equipe canadense Abreast In A Boat, a primeira formada no mundo por mulheres sobreviventes do câncer de mama. Com quase 30 anos de história, o grupo trouxe sua experiência e inspiração para o festival em Brasília. "Aqui, construímos novas amizades e nos apoiamos mutuamente", disse Adriana Bartoli, capitã do time do Canadá.
Ester Matsubuchi, 87 anos, foi a fundadora da equipe canadense e emocionou-se ao ver a evolução do movimento que ela iniciou três décadas atrás. "Estou muito feliz de vir ao Brasil. É um país diferente e estou muito impressionada. Nunca imaginei que 30 anos depois essa iniciativa maravilhosa cresceria e estaria aqui com todas essas mulheres lindas e fortes", declarou.
Uma delegação do Chile, composta pelas equipes Talca Claro de Vida, Rosa de Rukapillan e Remadoras Rosas de Coquimbo estiveram no festival. Para Valesca Orellana, capitã da equipe chilena, estar em Brasília foi um sonho realizado. "Essa experiência ficará para sempre em nossos corações. É a nossa primeira participação internacional, e chegar até aqui foi um grande esforço. Estou muito feliz e realizada", enfatizou.
A Colômbia marcou presença com a equipe Pink Pirates, que trouxe remadoras de Bogotá e Cartagena. "Estar aqui mostra que o câncer não determina a vida de ninguém. Queremos inspirar outras mulheres, mostrar que há vida após o câncer e elas podem fazer tudo o que quiserem e sonharem", disse Carolina Vergara, 39, representante colombiana.
A seleção da Argentina Rosa é composta por quatro equipes do país, entre elas Rosa Fênix, Alas de água, Rosas del Plata e Rosas do Mar. Mabel Toso, capitã da delegação, compartilhou a alegria de participar do festival. "Para nós, saúde e vida são motivos de celebração. Cada remada aqui é uma demonstração de força e união", destacou.
Na pista
Ontem também foi o dia de elas dominarem as pistas. Com patrocínio do Grupo Sabin e apoios do Ministério do Esporte e do governo federal foi dada a largada, no Estacionamento 6 do Parque da Cidade, da série Girl Power, uma competição de corrida exclusiva para mulheres com o propósito de promover a saúde e o bem-estar e de fortalecer o protagonismo feminino.
Silvana Passos, 50 anos, conta que foi um evento muito especial e recheado de vivências. "Mais uma vez, percebemos o quanto, nós mulheres, somos capazes de tudo. A gente supera desafios todos os dias e, com essa competição, vimos o quanto somos capazes", declarou a corredora que percorreu 10km.
Outra participante do evento foi Sandra Tavares, 43, que participou da corrida pela primeira vez. "Achei o tema super importante, a organização está de parabéns por todo cuidado humanizado que tiveram conosco. Além de tudo, incentivando todas as mulheres a praticarem atividades. Foi muito legal", destacou.
Fonte Correio Braziliense