Moradores da 411 Norte publicaram uma carta aberta à imprensa, nesta quinta-feira (17/10), sobre a polêmica envolvendo o Baóbar, um dos redutos do samba na capital federal. Na semana passada, o estabelecimento foi interditado pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibrampor descumprimento da Lei do Silêncio. Atualmente, o estabelecimento está funcionando de terça-feira a domingo, das 17h à 1h, sem música ao vivo.
Na carta, os moradores relatam que faz mais de um ano e meio que enfrentam incômodos com o som excessivo do bar. Eles contam que foi feita uma reunião com o proprietário em 2023, em que o estabelecimento teria se comprometido a implementar um tratamento acústico adequado, para solucionar os problemas enfrentados pelos moradores, mas nenhuma medida acabou sendo tomada na prática
Prezados,
Nós, moradores da 411 da Asa Norte, gostaríamos de expressar nossa profunda preocupação com os problemas contínuos relacionados ao alto volume dos shows ao vivo promovidos pelo Baobar. Há mais de um ano e meio, temos enfrentado sérios incômodos devido ao som excessivo que invade nossas residências, perturbando nosso descanso e bem-estar, prejudicando nosso lazer, estudo e trabalho. Já tivemos casos de vendas de imóveis na quadra, devido ao alto volume do som proveniente do referido bar.
Há um ano e quatro meses, realizamos uma reunião com o proprietário do Baobar, Sr. Neo, na qual ele se comprometeu a implementar um tratamento acústico adequado no espaço para mitigar os problemas de ruído. No entanto, até o momento, nenhuma medida efetiva foi tomada. Pelo contrário, a situação parece ter piorado, com o volume dos shows permanecendo insuportavelmente alto.
Gostaríamos de deixar claro que somos a favor da cultura e do samba, e não temos problema com esse ou qualquer outro gênero musical. Nós somos, além de a favor da cultura, a favor dos trabalhadores da cultura e de sua promoção. Queremos que os músicos tenham trabalho e que o público tenha acesso à arte, mas isso não pode acontecer por cima do direito ao meio ambiente saudável. Nosso único pedido é que o volume do som seja ajustado a níveis aceitáveis, que não interfiram na qualidade de vida dos moradores. É cabível e respeitoso considerar que os moradores têm o direito de escolherem qual música, filme, literatura, conversa familiar ou entre amigos terão em suas residências, sem que o som de terceiros, sejam eles bares, moradores, vizinhos, se imponha em seus lares sem consentimento.
Os músicos seguiriam tendo trabalho e os estabelecimentos continuariam a atrair público por conta da cultura se o volume fosse razoável (o objetivo é atender aos clientes do bar, não fazer um show para ser ouvido por vários blocos ao redore os horários respeitados. O volume alto é usado como propaganda do estabelecimento, para ser percebido de longe e para competir, inclusive em decibéis, com os outros bares. Do ponto de vista do trabalhador da cultura, e do musicista, o volume alto é um problema de saúde, nesse caso de saúde do trabalhador. O convívio com som alto danifica a audição e estressa o organismo em muitos níveis, é uma questão de saúde pública (vizinhançae de saúde do trabalhador. Inclusive, já existe um processo judicial no Ministério Público, onde o Baobar pode funcionar, porém está proibido de tocar música ao vivo. (Processo número: 0715039-33.2024.8.07.0018, realizado em conjunto com as fiscalizações do IBRAM)
Esperamos que as autoridades competentes cumpram seu papel fiscalizador e que a imprensa tome conhecimento e divulgue a real situação deste problema que afeta diretamente a vida de nossa comunidade
Fonte Correio Braziliense